Diário de Bordo

Aqui ficará registado as aventuras e desventuras do meu percurso pelos mares das tecnologias... Foi com este objectivo que iniciei este diário. Hoje é mais do que um blog sobre o estudo das Tecnologias Educativas; é um registo do meu percurso de aprendizagem (de vida), onde as tecnologias continuam a ter importância. Sei que não o teria consigo manter se não fosse o seu formato digital; as interacções que aqui se estabelecem.

domingo, outubro 31, 2004

O percurso até comunidade

Das minhas leituras recentes sobre comunidades chamou-se à atenção a descrição de desenvolvimento de sentido/formação de grupo, segundo o modelo de Bruce Tuckman. Quero agora reflectir sobre isto à luz da CVA05.
Segundo Tuckman a organização de uma comunidade consiste num processo que envolve, pelo menos, 4 etapas. 1) forming, 2)storming 3) norming e 4) performing; implícito a todas elas estão graus de interacção e envolvimento diferentes, por parte dos indivíduos.
A primeira etapa – a de formar (forming) - consiste em “juntar�, os elementos do grupo, pô-los em contacto para que travem conhecimento. Esta fase inicial caracteriza-se especialmente pela troca de impressões e familiarização dos indivíduos uns com os outros; os elementos da comunidade interagem entre si com o principal intuito de se conhecerem e de estabelecerem laços por afinidades, o que contribuirá para a identificação de cada um com o todo. Este é um momento bastante intenso, a nível emocional, para todo grupo, em que as pessoas estão ansiosas por estabelecer contacto com outras e por saber se serão aceites. Procuram, muitas vezes, o apoio do animador, esperando que este os guie e elucide quanto às suas dúvidas e incertezas. E realmente foi o que fizemos: formámos voluntariamente um grupo, ao inscrevemo-nos num curso que nos suscitou interesse, e progressivamente começámos a interagir uns com os outros, a conhecermo-nos melhor e a estarmos mais à vontade uns com os outros. O professor foi sempre o nosso porto de abrigo quando alguma dúvida surgia.
A segunda etapa – a do conflito (stroming) – é segundo Tuckman o momento em que os membros ainda não se sentem totalmente confortáveis com a acção do grupo ou quando ainda subsistem dúvidas em relação aos objectivos e tarefas da comunidade, gerando, deste modo, algum desconforto e frustração entre os membros. O sentimento predominante nesta fase é o de uma certa confusão, de desassossego em relação ao papel e ao desempenho de cada um, em que nos preguntamos: “o que se pretende afinal?� Acho que também já passamos por isso, quando ainda estávamos a “digerir� o que pretendiam de nós enquanto grupo e a perceber qual o papel que iríamos desempenhar.
Mas passada a tempestade chega a bonança e com ela a terceira etapa. Diz Tuckman, que chega então o momento conciliador (norming). É nesta fase que, desfeitas as dúvidas, a harmonia se instala na comunidade. O grupo apresenta-se mais confiante e, por isso, mais coeso, e como tal a comunicação torna-se mais frequente e incisiva e a interacção, por conseguinte, mais intensa. Os indivíduos mostram-se assim mais satisfeitos e prontos para colaborarem uns com os outros. Parece-me ser esta a fase em que nos encontramos. Eu pessoalmente, já me vejo dentro do grupo, mais confiante e optimista em relação à minha prestação… embora não tenha sido nada de extraordinário(!) e parece-me que os colegas também. Estou realmente a gostar da experiência e espero poder contribuir positivamente para a experiência dos outros!
A quarta fase é a de acção (perform), em que os elementos interagem e colaboram para uma finalidade comum. Os objectivos já estão bem claros para todos e o grau de produtividade é agora muito maior. Os indivíduos estão em sintonia, cooperam e colaboram entre si de forma intensa e o empenho de cada um espelha uma tranquilidade e certezas crescentes em relação ao objectivo da comunidade. A responsabilidade que assumem, nesta fase, perante a comunidade, com que se identificam, impele-os a uma participação muito mais activa e a um maior empenho. É para lá que caminhamos, e é para lá que quero ir!

Tuckman, mais tarde, acrescentou uma quinta fase ao seu modelo, que intitulou de (adjourning), ou seja o fim da viagem, a conclusão da tarefa conjunta. Uma vez concluído o objectivo, com sucesso, o grupo tem tendência em dissolver-se, ou pelo menos em contactar menos frequentemente, em virtude de integrar outras comunidades, de querer construir novos conhecimentos. O aspecto mais positivo de tudo isto é que cada um de nós transporta para a nova comunidade um pouco do que aprendeu na anterior. Já Nancy White dizia que somos “like a bee, testing each flower to see if it will yield pollen�, ou seja andamos sempre à procura de novos desafios, de novas influencias e acabamos também por influenciar e assim flúi a informação e assim nasce nova…

3 Comentários:

  • Às 11:49 da tarde, novembro 01, 2004 , Blogger Teresa Pombo Pereira disse...

    Olá!
    Parabéns pelo teu blogue. Além de ser um registo sincero das tuas ideias sobre o que temos aprendido sobre CVA, começa a tornar-se também um bom instrumento de estudo. Obrigada pelo último post! É bastante elucidativo. Continuação de bom trabalho!
    TPombo

     
  • Às 3:20 da manhã, novembro 03, 2004 , Blogger Nancy White disse...

    Cristina, Ola

    Meu Portugues e tao pior, mas quero deixar um "comment" sobre o modelo de Tuckman. Eu acho que nao, um, como se dice "play out" do meso jeito online do que F2F.

    Hm, I have to switch to English. Forgive me. Two weeks ago when I was working in Portuguese I would to better, but my facility for writing in Portuguese is not strong.

    What I have seen online is that the phases of forming, storming and norming often never conclude. So instead of these cycles with fairly defined borders, we get a little forming, a little storming, a little norming, a little performing, then we are forming, storming, norming and performing in the next iteration. And in fact, we start mixing the stages up. Particularly in non-structured, emerging groups which can be pretty common online (different than an elearning course though, eh?)

    For example, groups may actually perform, have some challenges and then go back to more traditional forming, storming and norming (this may reflect the "swift trust" that Jarvenpaa http://www.google.com/url?sa=U&start=1&q=http://www.ascusc.org/jcmc/vol3/issue4/jarvenpaa.html&e=7764 writes about). Like the bee again, moving among the flowers and only stopping when the pollen looks good!

    It can make you a bit crazy -- we seem to fazer mais bagunca online do que offline. Eu acho que sao razoes. Seria interesante explorar-los, eh?

     
  • Às 11:29 da manhã, novembro 07, 2004 , Blogger Cristina Costa disse...

    Hi there!
    Thanks for your comment. I wasn't really expecting it, but that's one of the biggest Internet's potential: being able to establish contact with different people, from different places and time zones, yet with common interests.

    I didn't mean to say that the stages which a group goes through are that linear, as each individual has his/her own rhythm, but I do think that we - community members -undergo a group development process and eventually reach a sense of community. Identification with the community takes time, and maybe not all will reach that level, that’s true too…. But I believe that individual will only be fully comfortable to establish interpersonal and "learning" relationships with the others when he/she senses himself/herself as part of the community,

     

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